A minha primeira impressão acerca do assunto tem já alguns anos e sustentava uma teoria de auto-regulação, isto é, algo que iria funcionar no ecossistema de forma a sustentar os blogues com melhor conteúdo, o que seria premiado pelas visitas e leituras, tornando-os cada vez mais influentes. Já estão a ver a que ponto ia a minha inocência.
Seguidamente, comecei a pensar que esta situação rapidamente levaria à cristalização da blogosfera em meia dúzia de espaços centrais e uma miríade de blogues satélite a lutar por um espaço ao sol na cacofonia da discussão e da endolinkagem. Já não me enganei assim tanto.
Neste momento, já não sei o que pensar acerca da forma de regulação da actividade, excepto que, como diz o Paulo, esta é necessária.O problema da blogosfera é o de esta ser uma actividade social em quase todos os sentidos do termo. Composta na sua grande maioria por seres humanos, a blogosfera transmite incessantemente informação da mais variada espécie. Existe de tudo um pouco, desde o blogue das bundas gostosas ao da filosofia mais vanguardista, desde o humanista ao nazi.
Como sistema de divulgação das mais variadas vozes, amplifica e reproduz exponencialmente cada uma delas até ao infinito, ou pelo menos até onde as hiperligações a levarem.(…)Também sabemos que os blogues não são todos iguais e que a forma de recompensa que estes obtêm se relaciona com os mais díspares algoritmos e com frequentes factores que nada têm a ver com a qualidade do conteúdo. Exemplos disso não faltam por aí.
Muito sinceramente, não gosto lá muito de me ver conotado com algum tipo de blogosfera que por aí circula.
A somar a isso há a aceitação de um blogue pela restante blogosfera. “Abençoá-lo”, por assim dizer. Fazer com que este deixe de ser um local obscuro e trazê-lo para a luz.
A blogosfera, sabê-mo-lo, é uma imensa casa de putas. E difícil.
Queiram-no ou não os bloggers, e a maioria afirma claramente, aos GRITOS, que não, a clarificação do seu estatuto é inevitável. Comes with the job. Vem com a responsabilidade crescente que os blogues, ou alguns deles pelo menos, ocupam na esfera comunicacional.
O cuidado da ERC em dialogar com a blogosfera é, numa primeira leitura, o próprio reconhecimento desse estatuto. Estatuto que aliás alguns autores buscam afanosamente, na ânsia de serem figuras interventivas, líderes de opinião e spinners merecedores de salário. Mas ao mesmo tempo parecem querer rejeitar os deveres de tais condições.
Ora, não há estatutos grátis.
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