The Brazilian Supreme Federal Court ruled against the compulsory diploma for journalists, finding it unconstitutional. The Academia is in a turmoil over this decision, but a question raises: does the diploma make the journalist?
Before i begin, i have to make one thing clear: i’m all in favor for Journalism schools and University courses (i’m trying to get in a Masters degree in Online Journalism) and i think that a university experience helps any professional to approach, think about and work on a subject in a different, complex way that practice alone most times doesn’t teach.
Though in practical terms my degree could have been summed up to 6 months, intelectually it was really important to mature and develop ideas, something that a superior education should foster. Add life experience to that and we have the full monty. Some of the best journalists i met in my life don’t have that kind of education, but they’re streetwise. Still, i defend all the work developed by teachers and students at Journalism faculties everywhere. They are of utmost importance.
Now i can say this: the ruling was right. I don’t need a diploma to be a reporter, or having one doesn’t make me a better professional. It should, but that doesn’t happen. You could say “Well, let’s stop giving diplomas to anyone who wants to be a doctor!”. Don’t be arrogant, journalists aren’t doctors, the thought of journalists being God-like is what ruined the business. To be specifically taught as a journalist is a huge advantage on the common citizen, but as we can see, the whole definition of what a journalist does has to be revised.
There is a twist in this question: the academic world fears to lose its importance, and the diploma owners fear to have lost their value. These narcisistic doubts are completely wrong. After this decision, universities will become more competitive and will have to provide the best quality courses, making sure that their graduates are the best that there could be; and the journalists that have a diploma must be proud of it, they are certified experts in their job. The real question is: who is going to set the professional standard required for good journalism?
Answer: the crowd and the companies.
The crowd will dismiss bad journalism much easier than it could do before, because there is so much more offer now. If the crowd doesn’t like the informational experience, they will go find a better one someplace else. And it’s up to the news companies to face this and have the best pros in the market in their payroll. If they have bad journalists, they will provide bad journalism, and that will be the end of it. Besides a few notable exceptions, most newsrooms will go after certified expert staff, or at least they should.
All the whining sounds like there was no bad journalism before, and that it will be from now on. Don’t get me started on journalism ANYWHERE. There have always been good and bad, real bad journalists, plagiarism cases, sell outs, unethical behavior, lies, hidden agendas. There is not a diploma in the world that can avoid this, it’s about personal education and moral principles. There are ethics classes in all Journalism courses, usually that is the class where most students feel bored to death and fail the most. Are the ones who barely make it through and forgot about all of it the day after fit for the job? So it’s not a ethical issue.
The issue is what we want from journalists. The best journalists are the ones who work harder, who have specific personal skills, who have the “journo” attitude, who have the guts to ask the right questions, the courage to face the establishment and expose the facts no matter how ugly they are and how dangerous it could turn out for them. Journalists die just because they are doing their jobs. No paper can certify this.
What a diploma gives is trust. We all know how tough things are, how fast journalism is evolving. Many courses are outdated – mine is for sure, all i know about online media i learned in two workshops and reading the best thinkers out there on the subject, and experimenting in the last three years on my own, most of the time. I know students that dream about writing text for papers and magazines! I’d sue a university that wouldn’t make me aware of what is going on in the real world. That is the responsibility of the diploma manufacturers: to open their student’s eyes. More: to create testing grounds where experiments that don’t have the conditions or the time to occur in the professional world may be developed.
University is a place for theoretical knowledge, that must go along with practical experiments. Technical abilities were never as important as they are now. Theory is simultaneously an asset and a disadvantage, i remember when i started working, my non-graduated colleagues made me a warm reception with these words: “You may have a diploma, but you don’t know more than we do.” They were right. But i learned what they knew and added it to what i had and built from there.
The bottom line is: you don’t need a diploma to be a journalist, but there is a good chance that you will be better if you get one.
|
O Supremo Tribunal Federal brasileiro deliberou contra a obrigatoriedade do diploma para jornalistas, considerando-o inconstitucional. O mundo académico está num alvoroço por causa desta decisão, mas é preciso perguntar: o diploma faz o jornalista?
Antes de começar, tenho que esclarecer uma coisa: sou plenamente a favor de escolas e cursos universitários de Jornalismo (estou a tentar entrar num Mestrado de Jornalismo Online) e creio que uma frequência universitária ajuda qualquer profissional a abordar, reflectir e trabalhar um assunto de forma diferente e complexa, que só a prática não ensina.
Apesar do meu curso em termos práticos poder ter sido resumido para seis meses, intelectualmente foi muito importante para amadurecer e desenvolver ideias, algo que o ensino superior deve promover. Juntem experiência de vida e temos o pacote completo. Alguns dos melhores jornalistas que conheci não têm esses tipo de educação, mas conhecem as ruas. Eu defendo todo o trabalho desenvolvido por professores e alunos nas Faculdades de Jornalismo de toda a parte. a sua importância é enorme.
Agora já posso dizer isto: a decisão foi correcta. Eu não preciso de um diploma para ser um reporter, ou ter um não faz obrigatoriamente de mim um melhor profissional. Devia, mas isso não é frequente. Podem dizer “Bem, vamos deixar de dar diplomas a médicos”. Não sejam arrogantes, a imagem dos jornalistas como semi-deuses foi o que lixou o negócio. Ter uma formação específica como jornalista traz vantagens enormes, mas como podemos ver, a definição do que o jornalista faz tem que ser revista.
Há um busílis nesta questão: o mundo académico tem medo de perder a sua importância, e os diplomados de perder o seu valor. Estes receios narcisistas estão errados. Depois desta decisão as universidades terão que ser mais competitivas e fornecer os melhores cursos, assegurando que os seus graduados são os melhores que podem haver; e os jornalistas com diploma terão que ter orgulho nele, são profissionais certificados. A questão real é: quem vai definir o padrão exigido para o bom jornalismo?
Resposta: a multidão e as empresas.
O público vai virar costas ao mau jornalismo mais facilmente do que faria antes, porque existe muito mais oferta agora. Se o público não gostar da experiência informativa, vão procurar uma melhor noutro lado. E cabe às empresas de informação fazer face a isto contratar os melhore profissionais. Se tiverem maus jornalistas fornecerão mau jornalismo, e será o seu fim. Tirando alguma excepções notáveis, a maioria das redacção irá atrás de pessoal especialista e certificado,ou.pelo menos, deviam.
Toda esta choradeira parece indicar que nunca tinha havido mau jornalismo, e que vai haver a partir de agora. Não puxem por mim sobre o jornalismo EM QUALQUER LADO. Sempre houve bons e maus, mesmo maus jornalistas, casos de plágio, vendidos, comportamentos pouco éticos, mentiras e agendas próprias. Não há um diploma no mundo que evite isto, pois parte da educação e princípios morais. Há cadeiras de ética em todos os cursos de Jornalismo, normalmente é a aula onde os alunos mais se aborrecem de morte e chumbam mais. Será que os que passam à justa e se esquecem de tudo no dia a seguir são os mais indicados para o trabalho? Não é esse o problema.
O problema é o que pedimos aos jornalistas. Os melhores jornalistas são os que trabalham mais, que têm competências pessoais próprias, que têm a atitude “jornalística”, que têm as bolas de fazer as perguntas certas, a coragem de enfrentar o poder estabelecido e expor os factos por mais feios e perigoso que se possa tornar para eles. Há jornalistas que morrem apenas por fazerem o seu trabalho. Não é um papel que certifica isto.
O que um diploma dá é confiança. Todos sabemos como são as coisas, como o jornalismo está a evoluir rapidamente. Muitos cursos estão ultrapassados – o meu está de certeza, tudo o que sei sobre media online aprendi em dois workshops e a ler os melhores especialistas sobre o tema, e a fazer experiências por conta própria e sozinho a maior parte do tempo. Sei de estudantes que sonham em escrever para o jornal ou revista! Eu processava a universidade que não me abrisse os olhos para o que se passa lá fora. Essa é a responsabilidade dos fabricantes de diplomas: abrir os olhos aos estudantes. Mais: criar laboratórios para desenvolver experiências impossíveis de desenvolver no mundo profissional.
A universidade é um local onde o conhecimento teórico tem que ir de mão dada com a experiência prática. As competências técnicas nunca foram tão importantes como agora. A teoria é ao mesmo tempo um trunfo e uma desvantagem, eu lembro-me que quando comecei a trabalhar os meus colegas não licenciados receberam-me calorosamente com as seguintes palavras: “Podes ter um curso mas não sabes mais que nós.” Eles tinham razão. Mas aprendi com eles e juntei ao que já sabia, e comecei a construir a partir daí.
No fundo é isto: não é preciso um diploma para se ser jornalista, mas há uma hipótese de se ser melhor se tivermos um.
|
Comentários Recentes