As you might know, i went to Guimarães this weekend to participate in the 2nd Journalists Convention organized by the Guimarães Press Office, a local journalists association. These were two great days, with great people and good conversations about journalism. Here’s a short account of the Convention. This was just my second event of the kind. All of the speakers in this convention are working for local or national media (hell, i was the only one unemployed), and there was a valuable combined working experience. But that was the purpose, to reflect upon journalism based on practice, rather than on possibilities and theories – which is also extremely important and necessary. It’s a matter of perspective. What surprised me was the fact that many of the issues that came up during the debates and presentations were the same i wanted to talk about in my presentation: the need to humanize journalism, it’s social importance, the change in the relationship between media and audience, the role of journalists, questions i find more philosophical than technological (though related). The theme for the convention was change, but what i heard the most was the need to go back to the basics of the job, no matter what the technology available, should it be a computer or a roadside blackboard. Trust between media and audience, between journalists and their sources, was also on the table a few times. Since a huge part of the audience were Journalism students, there was pedagogical value in some interventions. Though i enjoyed and learned a lot from every speaker, I really liked to listen to Miguel Carvalho, of the portuguese magazine Visão, who is a young, yet old fashioned reporter, that prefers the streets to computers. This could mean a huge gap between our points of view (i’m on the geek side as you know) , but not really. For both of us it’s the story that matters, the importance of the Other, the value of the information and it’s human consequences. And besides being a great writer, he is a funny guy. Everyone was, i had a great time during the breaks, where we exchanged our points of view, and quickly digressed from journalism to other unrelated topics (or is the new portuguese Playboy magazine journalism related ?). When it came to my turn to make my presentation Saturday morning i was quite comfortable with my audience. The main subject was “Journalism and Technology”, and i was set to briefly explain how we went from mass media to social media, but how the responsibility of journalism in building a social conscience is still the same. I got on the wrong foot (i was a bit nervous, which made me skip a liaison part of my presentation so i started rambling), but i got myself together. I was open to comments during my presentation, and i asked a few questions to the audience, with quick polls. I hate reading stuff out loud, and i feel this sort of interaction worked. It was different, at least. My fellow speakers for this panel were Paulo Querido and Luís Miguel Loureiro, which are in opposite sides of the spectrum of the discussion on Technology and Journalism, but there was no real disagreement, both have different yet valid views. That is really important, diversity. They were very supportive of me (thanks guys!), and we held the longest debate of the convention, we delayed the workgroups a bit, but it was worth it. Unfortunately i had to leave in the afternoon, so i wasn’t there for the closing. I have to thank the organization of the convention, especially Samuel Silva and Paulo Machado, who so generously invited and received me in Guimarães. I hope i was up to the expectations, and added value to the event. They know that can count on me for anything. All in all it was a great couple of days, i made some new contacts, got to know a few people “in real life”, had a lot of positive feedback on my work, and though i’m somewhat an outsider, i felt like at home. There’s nothing better i could say about it. |
Como alguns de vocês sabem, fui a Guimarães participar na 2ª Convenção de Jornalistas organizada pelo Gabinete de Imprensa de Guimarães. Foram dois dias excelentes, com gente valiosa e óptimas conversas sobre jornalismo. Aqui fica uma pequena impressão sobre a Convenção. Este foi apenas o meu segundo evento do género. Todos os oradores nesta convenção trabalham para orgãos de comunicação locais ou nacionais (bem, eu era o único desempregado!), e havia uma enorme experiência combinada. Mas esse era o objectivo, reflectir sobre o jornalismo de um ponto de vista mais prático do que teórico – apesar de isso ser também extremamente importante e necessário. É uma questão de perspectiva. O que me surpreendeu foi que muitos dos assuntos que surgiram nos debates e apresentações eram os mesmos que queria falar na minha apresentação: a necessidade de humanizar o jornalismo, a sua importância social, a mudança na relação entre os média e o público, o papel dos jornalistas, questões mais filosóficas que tecnológicas (mas relacionadas). O tema da convenção era a mudança, mas o que eu ouvi foi a necessidade de voltar ao básico da profissão, independentemente da tecnologia disponível, seja um computador ou uma ardósia à beira da estrada. A confiança, entre os média e o público, os jornalistas e as fontes, também esteve em cima da mesa algumas vezes. E como grande parte da audiência eram estudantes de Jornalismo, houve um valor pedagógico presente em algumas das apresentações. Apesar de ter aprendido com cada apresentação, gostei muito de ouvir o Miguel Carvalho, da Visão, que sendo novo, é um repórter à moda antiga, que prefere as ruas aos computadores. Isto podia significar uma distância enorme entre os nossos pontos de vista (eu vivo no lado geek da coisa como sabem), mas nem por isso. Para nós é a história que importa, é a importância do Outro, o valor da informação e as suas consequências humanas. E para além de ser um grande escritor, é um tipo divertido. Aliás, toda a gente era, passei bons bocados nos intervalos, onde trocávamos ideias e rapidamente passávamos para outros assuntos não relacionados com Jornalismo (a não ser que a nova versão portuguesa da Playboy conte…). Quando chegou a minha vez de fazer a minha apresentação no Sábado de manhã, estava bastante confortável com o meu público. O assunto era “Jornalismo e Tecnologia”, e o meu objectivo era dar uma breve explicação sobre como passámos dos mass média para os média sociais, mas como a responsabilidade do jornalismo em construir uma consciência social se mantém. Entrei com o pé esquerdo (estava um bocado nervoso e acabei por saltar uma parte de ligação por isso dei por mim a divagar), mas lá me recompus. Estava aberto ao diálogo durante o meu discurso, e fiz algumas perguntas ao público, com rápidas sondagens. Detesto ler em voz alta para outras pessoas, e acho que este tipo de interacção resultou. Pelo menos foi diferente. Os meus colegas de painel eram o Paulo Querido e o Luís Miguel Loureiro, que estão em lados diferentes da discussão sobre tecnologia e jornalismo, mas não havia um desacordo real, ambas as perspectivas são válidas. Isso é realmente importante, a diversidade. Eles apoiaram-me imenso (obrigado!), e acabámos por manter o debate mais longo da Convenção, acabando por atrasar os grupos de trabalho um bocado, mas valeu a pena. Infelizmente não pude assistir ao encerramento de tarde, porque tive que me ir embora durante a tarde. Tenho que agradecer à organização, em especial ao Samuel Silva e ao Paulo Machado, que generosamente me convidaram e tão bem me receberam em Guimarães. Espero ter estado à altura das expectativas, e ter contribuído com algo extra para o evento. Eles sabem que podem contar comigo para o que for preciso. No fim de contas foram dois dias excelentes, fiz novos contactos, conheci algumas pessoas “na vida real”, tive muito feedback positivo sobre o meu trabalho, e apesar de ser um outsider, senti-me como se estivesse em casa. E não há nada melhor que possa dizer sobre isto. |
Mesa redonda “O jornalismo e as novas tecnologias” debate desafios à profissão, Gabinete de Imprensa de Guimarães
Alexandre Gamela, jornalista freelancer, começou por afirmar que há uma “mudança de paradigma trazido pela tecnologia” que, nos últimos anos, democratizou o acesso à tecnologia e criou possibilidades de existência de novos conteúdos para além dos media tradicionais. O boom dos blogues deu origem a “novas vozes, novos mercados e novos públicos”. Gamela deu o exemplo do Twitter para reforçar a ideia de “diálogo constante” entre utilizadores, afirmando que esta é uma ferramenta de “cristalização da comunicação relacional”.
O fenómeno das redes sociais na Internet é, segundo Alexandre Gamela, importante para difundir notícias na hora, passando os órgãos de comunicação social a ser o destino dos conteúdos. O freelancer terminou dizendo que o jornalismo “não é uma linha de montagens”, pois lida com pessoas, causas e consequências. “É preciso ter consciência de que há um lado humano” nas histórias jornalísticas, defendeu.
Jornalismo “não é linha de montagens”, ComUM
No segundo dia da Convenção, “Jornalismo e Novas Tecnologias” foram o ponto de partida para uma mesa redonda com a participação de Luís Miguel Loureiro, Paulo Querido e Alexandre Gamela. O primeiro, jornalista da RTP, referiu os mitos e a realidade acerca das novas tecnologias e assumiu-se como uma “vítima” dessas. Para o profissional da comunicação, o “controlo” das ferramentas por parte do jornalista é essencial para “fazer jornalismo”.
O freelancer Alexandre Gamela afirmou que o jornalismo “não é uma linha de montagens”, uma vez que lida com pessoas e causas. Realçando o “lado humano” das histórias, Gamela referiu a ‘explosão’ dos blogues como originadora de “novas vozes, novos mercados e novos públicos”. Paulo Querido, colaborador do Expresso e igualmente freelancer, desafiou o auditório a definir o que é ser jornalista e concluiu que “é aquilo que cada um quer”. Reprovando o mito do jornalista multimédia, que tem de dominar todas as ferramentas, Querido defendeu que o jornalista não tem de ser multimédia mas sim de aproveitar as potencialidades dadas pela Internet, tentando adaptar-se.
Convenção de Jornalistas – IV, A Devida Comédia
Alexandre Gamela, um dos mais criativos bloggers deste País – autor do fantástico The Lake – considerou já estar em voga um conceito que se poderia designar de DJ Jornalista que, tal como um DJ, vai gerindo conteúdos. Porém, avisou, “o jornalismo não é uma linha de montagem”. E se é certo que o jornalismo não vai salvar o mundo, a verdade é que “uma sociedade mais informada e responsável é capaz de tomar melhores decisões”.
Nunca mais brinco, pá! Está a aparecer em todo o lado que me assumi como “vítima” das tecnologias… estou a ficar em pânico! ;))))
Agora mais a sério: foi uma excelente convenção. Concordo contigo sobre a riqueza da apresentação do Miguel Carvalho. Eu também só me sinto “útil à sociedade” quando sujo os sapatos, mas confesso que o faço cada vez menos… e é aí que me sinto culpado. Podemos falar sempre na engrenagem, mas no fim somos nós os culpados. Sobre a nossa mesa, achei-a muito rica em termos da diversidade de ângulos de abordagem. Como dizes, e bem, não há necessariamente contradição entre quem defende o caminho do conhecimento do mundo usando a tecnologia e quem defende um olhar crítico sobre a tecnologia no conhecimento do mundo (alguém está a perceber isto?). Ao situar-me no lado B, estou a tentar alertar para um fenómeno, que observo à minha volta, de muitos jornalistas que se deixam enredar na teia tecnológica pensando que o mundo está todo lá, quando de facto não está. Isso torna-os acríticos e desatentos. Torna-os menos jornalistas. O Carlos Daniel também resumiu isso, e muito bem, exprimindo a necessidade de voltarmos ao erro como modo de liberdade. Aliás, Alexandre, não deixa de ser curioso que notes essa necessidade de um “back to basics” no Jornalismo. Estas coisas não aparecem por acaso. Foi um prazer conhecer-te e partilhar a mesa contigo e com o Paulo Querido. Pela aprendizagem, pelo ambiente descomprometido, pela partilha de pontos de vista. O meu próximo desafio é transformar a apresentação de sábado num artigo científico. Vamos ver o que sai…
Pois, e eu disse a toda a gente que não lia jornais, só os signos, as tirinhas de banda desenhada e o futebol… Mas acho que perceberam que era provocação hehe (espero eu).
Eu estou à espera da próxima oportunidade para o pessoal se voltar a juntar, foi mesmo muito porreiro. E isso do artigo parece-me boa ideia.
Abraço e vai dando notícias.
Meus caros:
As expectativas da Convenção, sinceramente, foram ultrapassadas pela riqueza dos conteúdos. Mas, o mais importante sem dúvida é a troca de experiências como aquelas que ocorreram. O saber não tem limites. Espero um reencontro no futuro.
Abraço ao Luís Loureiro e ao Alexandre Gamela. E obrigado pelo vosso fantástico contributo nesta iniciativa.
Olá Paulo,
vocês foram excelentes, espero ter levado algo de positivo para a convenção, e já sabes, alguma coisa é só dizer.
Abraço.