***Se vieram parar aqui a partir do post do Pedro: este desentendimento foi resolvido em condições***
…I’m just not making any money | …não estou é a ganhar dinheiro
This is a personal rant. I’m pissed off about the way i have been described in a newspaper after my informal Twitter coverage of the Hudson Plane Crash: “Alexandre Gamela, an unemployed journalist”. The impudence!
It is true i’m not working for a company. It is true that i don’t have a fixed income. But i have a job. Well, i have an activity, a few actually, and sometimes they’re profitable, sometimes they’re not. Most of the time they’re not. Biggest example: this blog. I wake up everyday at 6 am not because i’m an early riser, but because i have the need to read and write about journalism, learn and share with others the signs that are leading the business into the future. And i do it for free. Where are my earnings? In the reputation i’ve built from my living room, interacting with smart, forward people. Google me and you’ll be able to evaluate that effort. Do i want a job? You know, the standard concept thing. Yes, if there were any interesting, but in a global current where the word is “lay offs” it’s hard to find any (interesting or not). Here in Portugal there’s a huge offer for internships, 150€ a month, if you’re lucky, i saw an ad offering a 1 year internship for free. Oh the privilege! We have a slavery history, but i think we were the first ones to abolish it. Well, History is easily forgotten. There is the ocasional ad, that looks like the perfect thing. In hundreds of job applications i sent in the last years i only made it to three interviews. And i screwed a few. So i stopped answering. I don’t think i’m “too good for it” or “misunderstood”. Maybe the truth is that i’m not what people want. And most of the times what they offer is not what i want. I’m not a kid. I know what i can and cannot do. And i did too many demeaning jobs to know how hard it is to make money out of something you loathe. I have my own project. I built – and still am building – a good reputation. Now i want to monetize it. I have a few ideas, that i’ll share soon. Meanwhile, my side gigs should be paying more, i’m broke and in debt. But that’s the sacrifice i’ve been making to achieve my goals. I plan my life in four month periods, so this means if by April i don’t amount to nothing or stop having a positive feedback, i’ll post a fail whale and say goodbye and thanks for all the fish. There are many talented journalists working at gas stations, supermarkets, or waiting on tables. I won’t be alone. Meanwhile i’ll be working my ass off and take my chances. If you see a job that suits me, well let me know. I like to work with other people, and get paid for it. But meanwhile, do not refer to me as unemployed. I prefer freelancer/entrepreneur. It sounds better.
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Isto é um desabafo. Estou lixado pela forma como fui descrito num jornal depois da minha cobertura informal do Acidente no Hudson: “Alexandre Gamela, um jornalista desempregado”. O descaramento!
É verdade que não estou a trabalhar para uma empresa. É verdade que não tenho rendimentos fixos. Mas tenho trabalho. Bem, uma actividade, umas poucas até, e por vezes dão lucro. A maior parte das vezes não. Maior exemplo: este blog. Eu acordo todos os dias às 6 da manhã não por ser madrugador. mas porque preciso de ler e escrever sobre jornalismo, aprender e partilhar com outros os sinais que mostram o caminho para o futuro . E faço-o de borla. Onde estão os meus ganhos? Na reputação que construí a partir da minha sala, interagindo com pessoas inteligentes, de vanguarda. Procurem-me no Google e digam se vale a pena. Se eu quero um emprego? Sabem, nos moldes tradicionais. Sim, se houvesse algo que interessasse, mas numa corrente global onde a palavra de ordem é “despedimentos” é difícil encontrar um (interessante ou não). Cá existe uma oferta enorme de estágios a 150€ por mês,se tiverem sorte, vi um anúncio para estagiar um ano de borla. Ui o privilégio! Temos um passado de escravatura, mas creio que fomos os primeiros a aboli-la. Mas a História é facilmente esquecida. De vez em quando lá aparece um anúncio que parece perfeito. Em centenas de candidaturas que enviei nos últimos anos só consegui três entrevistas e espalhei-me em algumas. Por isso não respondo a mais nenhum. Não porque ache que sou “demasiado bom” ou “incompreendido”. Talvez eu não seja aquilo que as empresas procuram, a maioria das vezes eu não quero o que elas oferecem. Não sou um miúdo, eu sei o que posso e não posso fazer. E tive demasiados empregos maus para saber como é mau fazer dinheiro em algo que odiamos. Eu tenho o meu próprio projecto. Construí – e ainda estou a construir- uma boa reputação. Agora quero rentabilizá-la. Tenho algumas ideias, que partilharei em breve. Entretanto, estou teso e cheio de dívidas. Mas esse é o sacrifício que tenho feito para atingir os meus objectivos. Eu planeio a minha vida para os quatro meses seguintes, por isso se em Abril eu não conseguir nada ou deixar de ter feedback positivo, posto aqui uma fail whale e digo adeus e saúdinha. Há muitos jornalistas talentosos em estações de serviço, supermercados, ou a servir às mesas. Não estarei sozinho. Entretanto, vou trabalhar muito e arriscar. Se virem um emprego para mim, bem, avisem. Gosto de trabalhar com pessoas e ser pago por isso. Mas entretanto, não me descrevam como “desempregado”. Prefiro freelancer / empreendedor. Soa muito melhor.
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Quem fica mal na frase não és tu, são as empresas que desperdiçam o talento. Abraço
Nem mais, quem fala assim não é gago!
Boa sorte, espero mesmo que apareça qualquer coisa antes de abril. seria um grande desperdício ver-te deixar o jornalismo. *fingers crossed* 🙂
O jornalismo é uma actividade, para a exercer não é necessário que estejamos ligados contratualmente a uma entidade contratadora. Desde o pós-guerra que foi fundada a agência de fotógrafos Magnum, para assegurar que a autoria e proveitos dos fotógrafos não era desrespeitada, talvez seja tempo de fazer o mesmo para os dias de hoje (a Magnum ainda existe apesar das crises).
Obrigado Filinto, e temos visto as desgraças que por aí têm acontecido… teremos que fazer com que isto mude. Abraço.
@Vera,
antes disso ainda te pergunto se há espaço para mais um tuga na terra dos kiwis hehe. Obrigado e beijinhos. E continuação de bom trabalho
@Mário,
nem contratadora nem reguladora, que é uma guerra que tenho vindo a adiar. Seria preciso aquilo que os americanos chamam de Guild, mas os portugueses são muito egoístas. Ou eram, porque tenho apanhado gente muito generosa e preocupada com o estado das coisas. E acho que estamos na altura certa. E no dia também: “yes we can”.
Os jornalistas agora estão a ser despedidos às centenas, já não é às dezenas…
Alexandre, estou na mesma situação que tu, mas não é de mim nem de ti que queria falar. Diz-me lá, francamente, quantos óptimos jornalistas tu conheces, que escrevem muito bem e sabem trabalhar, e que estão desempregados, ou a trabalhar em coisas surrealistas? Digo-te isto não para te (nos) consolar, mas porque numa situação destas uma pessoa não pode deixar de pensar se não será… bem incompetente, ou coisa assim. Mas a competência não tem nada a ver com a situação.
Agora, e noutra ordem de ideias, os “colegas” que te deram a etiqueta, ou o fizeram por maldade ou por estupidez..
Eu escrevo para viver, aliás para respirar.
Sou, como pomposamente descreve a minha editora, “autora publicada”.
Ainda ontem comentava com um amigo – prefiro mesmo ESCRITORA uma vez que é o que faço: Escrevo. Muito. Não tenho, nunca tive aquele mito que se fala da página em branco – ecran… vá!, estamos no séc. XXI…
A ideia romantizada de que, quem escreve tem uma vida regalada, relação privilegiada com editor (que não por acaso, até tenho) e não faz “ponta” o dia todo… Ah!!!, que engano!
Eu trabalho e muito!, mais que as horas exigidas a quem está confortavelmente sentado num escritório fechado a ler mails pessoais e a jogar… porque, também o faço, mas o meu trabalho não fica nem no cesto nem para um qualquer outro colega ou subalterno fazer. Além disso, das horas que são sagradas, me disciplino e escrevo, roubo-as ao meu sono porque prefiro a noite (bom, na Primavera é ver-me nas esplanadas ao sol… ganho não um bronze à camionista, mais simpaticamente, à escritora!)
Tenho no total dez trabalhos – atentem, não dez empregos. Infelizmente não consigo viver dos livros. Se preferiria? Claro!, a dispersar-me em várias outras actividades (nunca os dez activos ao mesmo tempo!, a capa de wonder woman já a pendurei faz anos). Gostaria da ideia romantizada que fazem da minha vida – regalada e escrever uns poucos caracteres por dia.
Não é assim, não me estou sequer a queixar, porque depois de ter provado muito do que me fez infeliz, a escolhi assim!
Mas porra!, não me lixem a dizer que não faço nada, isso sim, tira-me do sério!
Há quem não consiga trabalhar sem ser assalariado, ter a segurança (terá…?) de um rendimento fixo no final do mês, e de repente, fecham uma redacção, fecham um departamento, a expressão “é a crise” é um saco muito grande e pergunto? Segurança no local de trabalho? Quem tem segurança hoje??? Mais euro menos euro e estão na rua – esses sim, efectivamente desempregados, sem saber como lidar com uma manhã em casa sem ser no afã de correr para o trabalho.
Que dá trabalho não trabalhar, como nos designam e como tão bem o Alexandre retrata!!! Ah…
Mais fácil falar lá do 7º andar de um edifício de um qualquer emprego “glamorioso” ou nem tanto, ah!!!
O que conta é a segurança da única coisa que podem ter: se realmente não fizerem nenhum, no fim do mês está ali o ordenadito seguro… isso ou então uma cartita para o desemprego
@José,
os colegas coitados, ainda vivem sob a espada, especialmente do DN. Eu percebo aquele artigo, que para mim é uma cópia pobre do artigo do Paulo Querido no Expresso onde também existe a indicação de que estou desempregado, a diferença é a contextualização(no DN é a falta dela). Eu não tenho nada contra quem escreveu o texto do DN, eu sei bem que já fiz coisas muito piores em qualidade, nem é isso que está em causa. Mas isso irritou-me, porque eu trabalho que me farto. Sou diferente dos outros desempregados que não fazem nada, sou diferente dos outros empregados que nada fazem.
Tenho noção de que tenho que fazer muito mais e melhor, apesar do meu trabalho ter aparecido nuns sites e na tv, eu sei que isso não é nada. Escolhi um percurso porque foi assim que se proporcionou, por factores que são da minha total e inteira responsabilidade, e por outros que me ultrapassam.Em ambos os casos vivo bem com isso.
A verdade é que preciso de orientar a minha vida, a nível prático. Eu não sou o maior. Sou mais um. Se conseguir ajudar a fazer uma diferença para melhor, óptimo. E nós José, só temos que fazer o melhor que podemos não é? Eu acho que sou tão incompetente como o próximo, gostava era de ter uma oportunidade de o provar. Mas acho que o vou fazer nos meus moldes…
Vamos ser optimistas. Abraço, obrigado pelo comentário e boa sorte para nós os dois 😉
Infelizmente a inteligência e a competência nem sempre são reconhecidas.
Olha-se demasiado para a árvore e não para a floresta, quando a solução está cada vez mais na imensa floresta que está à nossa volta.
Oxalá, em tempo de crise, a perspectiva comece a mudar. E a floresta deixe de ser a selva em que está transformada…
Obrigada por partilhares connosco o fruto do teu trabalho.
@Ana, obrigado pelo longo comentário. A verdade é que tu estás um pouco à frente para este tempo. Eu sempre me imaginei com várias actividades em vez de uma só para o resto da vida, e a tendência mostra que é assim que o mercado de trabalho vai funcionar. O que interessa é fazermos coisas de que gostamos. Beijinhos e boa sorte nas escritas 😉
@Luísa, eu não me posso queixar de falta de reconhecimento, felizmente tenho tido mais do que esperava nesse campo. Tenho é que ser mais inteligente e rentabilizar isso. E depois é aquilo que eu digo: não sou melhor que ninguém, também sei fazer um mau trabalho. O que eu acho é que realmente é uma altura para mudar, não só a nível pessoal, mas a nível geral, e acho que todos nós podemos encontrar uma maneira de fazer isso. E eu é que agradeço por apreciarem estas coisas que me saem dos dedos, é graças a vocês que vale a pena partilhar estas coisas. 🙂
gamela freelances, gamela works, gamela rocks! 😉
Lol, obrigado João, pelo entusiasmo! But no one can ever rock alone \o/, we all need a crew 😉
Eu estava a falar do ponto de vista empresarial. E, nesse contexto, o mais frequente é o “reconhecimento palmadinhas nas costas”, sem tradução monetária…
Apesar da retórica da inovação e do empreendedorismo, a maioria ainda está a assobiar para o ar, na esperança de que tudo volte a ser como outrora… Os realmente inovadores, que vêem mais à frente ainda assustam, especialmente os que temem que a sua posição seja posta em causa.
@Luísa, pois tem razão, isso também acontece muito. Eu já disse que se é preciso um maluco para ir à frente eu não me importo. E a conversa da inovação é realmente uma treta, basta só ouvir o coro de assobios como dizes. Obrigado por explicares melhor, não tinha olhado por esse prisma.
Caro Alexandre,
sou o autor do texto no DN a que se refere neste post.
Não tenho por norma responder a críticas aos meus artigos. No seu caso, tenho de abrir uma excepção porque me parece haver alguma má fé, que prosseguiu nos comentários.
Não diferencio qual a contextualização a que se refere que atenua o que Paulo Querido fez no Certamente/Expresso online mas não a minha frase no DN. Ambos falámos de um jornalista desempregado – algo que o Alexandre confirma ao dizer que procura emprego. Não vejo onde está a ofensa.
Mas o que me levou principalmente a escrever é a sua afirmação de que o meu texto “é uma cópia pobre do artigo do Paulo Querido no Expresso”.
Não sei qual é a sua posição sobre o plágio ou cópia no jornalismo mas eu não gosto dele e fico ofendido quando alguém ma faz, sem apresentar provas. Sendo jornalista, presumo que o Alexandre compreende a minha indignação.
O seu “desabafo” denota que ou não leu o artigo todo no DN e se fixou no parágrafo em que é referido o seu nome ou faz afirmações gratuitas sobre outras pessoas e que não abonam muito a seu favor.
Apenas mais umas notas:
– ainda sobre a contextualização: o Paulo escreveu sobre o Twitter e a rapidez do Alexandre, eu não procurei esse ângulo – basta ler os títulos… – mas não podia deixar de referir o seu nome porque, na noite (cá) do acidente, ele foi inevitável no Twitter. Mas, diferente do Paulo, o texto no DN não era sobre si e se está “lixado” com isso, é um problema seu.
– sobre o seu desemprego (ou o que lhe quiser chamar): há muitos meses que acompanho o seu blogue e não é de hoje que escreve sobre a sua situação laboral. Não precisei de ver no blogue do Paulo essa indicação. Porquê escrevê-la? Por dar ao leitor uma indicação de que é alguém, português, habituado a usar ferramentas jornalísticas e as transpõe para o Twitter. Podia ter usado outros exemplos, americanos? Podia.
– sobre a “espada” do DN: eu ainda não a senti mas presumo que saiba do que fala. Se também me quiser esclarecer neste assunto, agradeço.
Repito, não vejo o tamanho da ofensa – tanto mais escrita por um jornalista que também não está empregado mas a trabalhar para o DN.
Desejos de boa sorte para a sua vida profissional e que, se puder, não encerre O Lago.
Pedro Fonseca
Caro Alexandre,
reenvio um comentário aqui colocado ontem mas até agora não publicado por acreditar ter havido qualquer problema técnico para o não mostrar aos seus leitores ou a ele responder.
Agradeço a publicação.
Pedro
Caro Alexandre,
sou o autor do texto no DN a que se refere neste post.
Não tenho por norma responder a críticas aos meus artigos. No seu caso, tenho de abrir uma excepção porque me parece haver alguma má fé, que prosseguiu nos comentários.
Não diferencio qual a contextualização a que se refere que atenua o que Paulo Querido fez no Certamente/Expresso online mas não a minha frase no DN. Ambos falámos de um jornalista desempregado – algo que o Alexandre confirma ao dizer que procura emprego. Não vejo onde está a ofensa.
Mas o que me levou principalmente a escrever é a sua afirmação de que o meu texto “é uma cópia pobre do artigo do Paulo Querido no Expresso”.
Não sei qual é a sua posição sobre o plágio ou cópia no jornalismo mas eu não gosto dele e fico ofendido quando alguém ma faz, sem apresentar provas. Sendo jornalista, presumo que o Alexandre compreende a minha indignação.
O seu “desabafo” denota que ou não leu o artigo todo no DN e se fixou no parágrafo em que é referido o seu nome ou faz afirmações gratuitas sobre outras pessoas e que não abonam muito a seu favor.
Apenas mais umas notas:
– ainda sobre a contextualização: o Paulo escreveu sobre o Twitter e a rapidez do Alexandre, eu não procurei esse ângulo – basta ler os títulos… – mas não podia deixar de referir o seu nome porque, na noite (cá) do acidente, ele foi inevitável no Twitter. Mas, diferente do Paulo, o texto no DN não era sobre si e se está “lixado” com isso, é um problema seu.
– sobre o seu desemprego (ou o que lhe quiser chamar): há muitos meses que acompanho o seu blogue e não é de hoje que escreve sobre a sua situação laboral. Não precisei de ver no blogue do Paulo essa indicação. Porquê escrevê-la? Por dar ao leitor uma indicação de que é alguém, português, habituado a usar ferramentas jornalísticas e as transpõe para o Twitter. Podia ter usado outros exemplos, americanos? Podia.
– sobre a “espada” do DN: eu ainda não a senti mas presumo que saiba do que fala. Se também me quiser esclarecer neste assunto, agradeço.
Repito, não vejo o tamanho da ofensa – tanto mais escrita por um jornalista que também não está empregado mas a trabalhar para o DN.
Desejos de boa sorte para a sua vida profissional e também que não encerre O Lago.
Pedro Fonseca