“Há uma arrogância implícita nos jornalistas”
O primeiro provedor dos leitores do New York Times, Daniel Okrent deu uma entrevista muito interessante ao Público. Okrent lançou recentemente um livro intitulado precisamente “O Provedor” no qual reflecte as suas experiências no cargo.
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Desta entrevista destacam-se algumas ideias:
Ninguém telefona para dizer que está contente ou que gosta do que faz o jornal, quase só ouvimos comentários de pessoas zangadas. E depois o provedor chega ao pé de um repórter e diz: “Aquele artigo que escreveste na semana passada, não deixou as pessoas muito contentes, aqui está o que estava errado”. E isso também não o deixa contente. Por isso, não fazemos amigos nesta função.
Somos donos da tinta e donos do papel e estamos numa posição em que julgamos outras pessoas numa base diária, mas nunca nos submetemos pessoalmente. Existe uma atitude de defesa que temos enquanto jornalistas: quando alguém nos critica e acusa de sermos partidários, começamos por identificar a forma como aquela pessoa está errada. Não começamos por nos interrogarmos se essa pessoa terá razão. E essa seria a forma honesta de fazermos o trabalho, começarmos com uma mente aberta em relação às críticas. Estamos numa posição de fazer declarações e não damos um igual tratamento a alguém que se queixa, existe uma arrogância implícita, de que a nossa opinião tem mais importância.
O repórter fica a saber de um assunto às 16h00, fala com a pessoa às 16h30 e tem de escrever sobre o assunto até às 19h00. Não vai ficar perfeito, mas também não é desculpa para o jornal, e por isso muitas vezes entrei em discussões com repórteres e com editores, que chegaram a deixar de falar comigo.
Houve uma vez uma notícia de última hora, trataram-na de forma errada e quando confrontei a editora da área de Educação ela disse: “Somos um jornal.” Mas isso não é desculpa.
Com a importância nada vez maior da Internet e dos blogues, como é que irá evoluir o jornalismo?
É bom e mau, porque estamos a introduzir não profissionais e amadores na prática do jornalismo e eles não sabem do que é que estamos a falar, o que é muito perigoso. Mas é também uma oportunidade para que mais vozes sejam ouvidas, o que é uma coisa boa, particularmente ao nível dos pequenos jornais, em pequenas cidades, que estão em decadência.
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Continue a ler ‘Leitura recomendada: Entrevista Daniel Okrent no Público’
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