O Ebbsfleet United é um modesto clube de futebol das divisões secundárias de Inglaterra, um entre tantos outros. Mas a diferença, é que, em vez ter um magnata russo como dono, tem 28,250 proprietários, espalhados por 72 países.
A ideia nasceu num site criado por Will Brooks, chamado MyFootballClub, que assentava no princípio de que se milhares de pessoas pudessem contribuir com uma pequena quantia, poderiam adquirir um clube de futebol e geri-lo. O negócio ficou a 35 libras por participante.
Esta é a mais recente e vistosa acção de crowdsourcing e provavelmente a primeira de cariz corporativo. Quando muitos se questionam sobre a sobrevivência dos jornais, não pude deixar de pensar sobre o que aconteceria se houvesse um movimento semelhante para comprar uma das tantas empresas de comunicação à beira da falência que andam por aí.
O conceito seria muito semelhante ao MyFC : abriam-se inscrições para futuros mini-William Randolph Hearsts e fazia-se uma lista de empresas-alvo. Depois de decidida a compra e feita a aquisição, passávamos à parte de gestão. O que se iria decidir logo a início seriam as questões de fundo: grafismo, software (open source sempre que possível para cortar nos custos), linha editorial (nada de imposições à la carte!), formatos de conteúdos – investimento em new media, claro- , escolha da equipa redactorial, preços para publicidade, etc. Tudo de forma a manter a liberdade e o profissionalismo dos jornalistas intactos.
Na gestão contínua do nosso jornal (rádio,tv,site noticioso) , os vários “editores” iriam escolher sobre os temas que gostariam de ver em destaque, que personalidades seriam entrevistadas, tudo a partir de propostas do corpo de jornalistas, o que criaria um espírito mais empreendedor dentro da redacção. Seria criado também um blog onde todas as opções e reportagens seriam comentadas pelos múltiplos donos.
A esta altura alguns de vocês estão a abanar a cabeça e a dizer que apanhei demasiado sol na cabeça, mas pensem desta forma: tirando o conceito de propriedade e de gestão logística da empresa, is já está a acontecer . Os media sempre foram ao encontro não só do que o público precisa de saber, mas do que quer saber, e a internet permite aos utilizadores fazerem as suas escolhas e aos editores adequarem o seu conteúdo às preferências do seu público.
Soa a vendido, eu sei, mas estamos a falar de um negócio. E quantas histórias surgem a partir de dicas de leitores ou das suas próprias experiências? E o que faz um consumidor quando se deixa de identificar com um produto? Além disso, imaginem que o Ebbsfleet United não é um clube de futebol mas um jornal médio. Um jornal com quase 30 mil leitores garantidos- os donos- fora os familiares e amigos e todos os outros que já iriam comprar o jornal,fosse como fosse. Se quiserem vender espaço para publicidade podem acenar com estes números. Não me parece muito diferente de uma assinatura anual…
E que melhor forma de saber o que o público precisa entregando a edição(em linhas muito gerais) ao próprio público? A transparência aumentaria, já que as relações privilegiadas entre proprietários de media e empresários, partidos, governo, não existiriam. Se houvesse algum favorecimento ou má conduta, as reacções seriam públicas, pois todos participam e todos podem discordar. As possibilidades de compadrio estariam diluídas.Falando de dinheiro, o Ebb.United custou um milhão de libras. Quanto custa um jornal?
As possibilidades da gestão comunitária já foram pensadas há muito mas não tendo em conta o potencial da internet. Experiências como o MyFC vêm levantar novos conceitos de negócio, cidadania e comunidade.
Crowdsourcing ou crowdbossing?
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Ebbsfleet United is just one out of the many small-sized minor british league football clubs. But what sets it apart is that, instead of having one russian tycoon for the owner, it has 28,250 owners, scattered through 72 countries.
The idea was born on a website created by Will Brooks, which was called MyFootballClub. It sat on the principle that if thousands of people could contribute with a small fee, they could buy a football club and manage it. The deal was settled by £35 each.
This is the latest and more noticeable crowdsourcing action, and probably the first one with corporate characteristics. When many wonder about the survival of newspapers, i just couldn´t help thinking of what would happen if there was a similar movement to buy one of the many near bankrupt media companies around.
The concept would resemble to MyFC : future mini- William Randolph Hearsts could sign in, and a target-company list would be made. After choosing and acquiring the most suitable one, we would go right to management. First decisions would be taken on general matters : design, software (open source whenever possible to cut expenses), editorial direction (no a la carte imposings!), content formats – new media investment, of course- , selection of the news team, publicity prices, etc. All in a way that would keep the journalists liberty and professionalism untouched.
On the daily management of our newspaper (radio, tv, news website, whatever…), the several “editors” could choose which issues they would like to see in the headlines, which personalities would be interviewed, all of this out of suggestions from the news team, which would create a more enterprising spirit in the newsroom. A blog would also be created, where all the stories and options were commented by the miriad of owners.
By now, some of you are thinking that i totally lost my mind, but take a look at it this way: apart from the property concept and the enterprise’s logistic management, this is already happening. Media always met what the public needs to know, but also what it wants to know, and the internet allows users to express their choices, and the editors to adjust their content to the public’s preferences.
It sounds like selling out, i know, but this is a business we’re talking about. And how many stories come from readers tips or from their own experiences? And what does a consumer do when he no longer identifies with a product? Besides, imagine that Ebbsfleet United is not a small football club, but a midsized newspaper. A newspaper with almost 30 thousand guaranteed readers- the owners- not counting with their relatives and friends, and the whole lot that would buy the newspaper anyway. If you need to sell a publicity slot you can wave these numbers around. It really doesn’t sound that different from a anual subscription…
And what better way to know what the public needs than by handing the edition (in general guidelines) to the public itself? Transparence would increase, since the priviledged relationships between media owners and business men, political parties, government, wouldn’t exist. If some sort of favouring or misconduct would ever occur, the management reactions would come out in the open, because everyone can participate and disagree. The chances for protection woud be diluted. Talking numbers, the Ebb.United cost one million pounds. How much is a newspaper?
The possibilities for community management were thought long ago, but without considering internet’s potential. Experiences like MyFC come to raise new concepts for business, citizenship and comunity.
So, crowdsourcing or crowdbossing?
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