
João Canavilhas vision on CitJ | Visão de João Canavilhas sobre Jornalismo do Cidadão
During his presentation at the International Cyberjournalism Congress, João Canavilhas used two similar images to the ones above to express his scepticism regarding the existence of a real citizen journalism. I understand his point of view, but totally disagree. It’s true that the umbrella of what is called “Citizen Journalism” covers a lot that isn’t journalism. But is a picture taken by a professional more valid than any other taken by a mere mortal? Or can’t the factual reporting via Twitter of someone who is experiencing the event be considered as journalism? Lets go step by step.
What is Journalism? Journalism is the profession of writing or communicating, formally employed by publications and broadcasters, for the benefit of a particular community of people. The writer or journalist is expected to use facts to describe events, ideas, or issues that are relevant to the public. Journalists (also known as news analysts, reporters, and correspondents) gather information, and broadcast it so we remain informed about local, state, national, and international events. They can also present their points of view on current issues and report on the actions of the government, public officials, corporate executives, interest groups, media houses, and those who hold social power or authority. Journalism is described as The Fourth Estate. For starters, and from this point of view, there are lots of things considered as journalism that couldn’t be. But that is not the subject of today. What has always scared the Citizen Journalism slanderers was the possible lack of quality and impartiality of the journalistic reports submitted by the non-professional. This coming from an industry that has been making a living out of the reproduction of press releases. It’s not a matter of education, we have scientists, economists, lawyers etc, practising journalism. It is not a matter of having a contract with a communication company, since many journalists are in precarious situations, or developing their activity on their own. How can we define the features of Citizen Journalism then? The possibility of a more active participation with the media comes with the technological revolution of democratization of information gathering and distribution devices. Which means, when it became possible to take pictures and write text and publish it on the web in a matter of minutes and without costs. Ever since we could distribute contents to a wider audience without recurring to the traditional channels, Citizen Journalism became possible. And this is just the logistics that allowed the common user to make Citizen Journalism, which doesn’t mean it will, of course. What defines the act of Jornalism by citizens is exactly the same that defines traditional Journalism, but with peculiar characteristics. Citizen Journalism features
Taking these features into account and the volume of already created contents, can we still in good mind deny the existence of a true journalism made by common citizens? I’m not defending that it exists unflawed, nor that it is better than the professionaly (=as a profession) made journalism, but i won’t say either that most of the professional reports is better than some cases of citizen journalism. Journalists are paid professionals, specialists in the gathering, construction and distribution of information, and their role – as long as it is well performed – is inquestionable in this society of communication en masse. What other features can also define Citizen Journalism? Is it just a subterfuge for media companies to obtain free contents? Does it really exist or not? |
Durante a sua apresentação no Congresso Internacional de Jornalismo, João Canavilhas usou duas imagens semelhantes às de cima para mostrar o seu cepticismo relativamente à existência de um jornalismo do cidadão. Eu percebo a perspectiva dele, mas não concordo. É verdade que se chama “jornalismo do cidadão” a muita coisa que não o é. Mas uma imagem obtida por um profissional sobre um acontecimento que faz notícia é mais válida que outra obtida por um comum mortal? Ou o relato factual via Twitter por quem está a assistir ao acontecimento não pode ser considerado como jornalismo? Vamos por partes. O que é Jornalismo? Jornalismo é a profissão de escrever ou comunicar, formalmente usada por publicações e distribuidores de informação, para benefício de uma comunidade específica de pessoas. Do escritor ou jornalista espera-se que use factos para descrever eventos, ideias ou assuntos, que sejam relevantes para o público. Os Jornalistas (também conhecidos por analistas de informação, repórteres ou correspondentes) recolhem informação, e distribuem-na para que possamos estar informados sobre acontecimentos locais, nacionais e internacionais. Eles também podem apresentar os seus pontos de vista em assuntos correntes e informar sobre actividades do Governo, funcionários públicos, executivos empresariais, grupos de interesse, os media, e aqueles que detém poder ou autoridade social. O Jornalismo é descrito como o Quarto Poder. Para já, e por este ponto de vista, há muita coisa que é considerada como jornalismo que não o podia ser. Mas o assunto não é esse. O que sempre assustou os detractores do Jornalismo do Cidadão foi a possível falta de qualidade e a parcialidade dos relatos jornalísticos enviados por não-profissionais. Isto vindo de uma indústria que tem vivido da reprodução de press releases. Não é uma questão de formação, temos cientistas, economistas, advogados etc, a fazer jornalismo. Não é uma questão de contrato com uma empresa de comunicação, pois muitos jornalistas profissionais estão em situações precárias ou desenvolvem o seu trabalho por conta própria. Como é que se pode caracterizar então o Jornalismo do Cidadão? A possibilidade de uma participação mais activa junto dos orgãos de comunicação surge com a revolução tecnológica da democratização de equipamentos de recolha e distribuição de informação. Ou seja, quando se pode tirar fotos e escrever um texto e colocá-los na web no espaço de minutos e sem grandes custos. Assim que se pode distribuir conteúdos para uma grande audiência sem recorrer aos canais tradicionais, surgiu a possibilidade de fazer Jornalismo do Cidadão. Esta é apenas a parte logística que permitiu ao utilizador comum fazer jornalismo, o que não quer dizer que o faça, claro. O que define o acto de Jornalismo por cidadãos é exactamente o mesmo que define o Jornalismo tradicional, mas com características particulares. Características do Jornalismo do Cidadão
Tendo em conta estas características e o volume de conteúdos criados, podemos nós continuar a negar a existência de um verdadeiro jornalismo feito por cidadãos comuns? Não defendo que existe sem defeitos, nem que seja melhor do que o jornalismo feito por profissionais, mas também não defendo que muito trabalho profissional é melhor que alguns casos de jornalismo do cidadão. Os jornalistas são profissionais pagos, especialistas na recolha, construção e distribuição de conteúdos e o seu papel – sempre que for bem desempenhado – é inquestionável nesta sociedade de informação em massa. Que outras características vocês acham que podem definir o Jornalismo do Cidadão? Será apenas uma forma encapotada de obter conteúdos gratuitos por parte das empresas de comunicação? Existe realmente ou não? |
Citizen journalism
From Wikipedia, the free encyclopedia
Citizen journalism, also known as public or participatory journalism or democratic journalism, is the act of non-professionals “playing an active role in the process of collecting, reporting, analyzing and disseminating news and information,” according to the seminal report We Media: How Audiences are Shaping the Future of News and Information, by Shayne Bowman and Chris Willis. They say, “The intent of this participation is to provide independent, reliable, accurate, wide-ranging and relevant information that a democracy requires.” Citizen journalism should not be confused with civic journalism, which is practiced by professional journalists. Citizen journalism is a specific form of citizen media as well as user generated content.
Mark Glasser, a longtime freelance journalist who frequently writes on new media issues, gets to the heart of it:
The idea behind citizen journalism is that people without professional journalism training can use the tools of modern technology and the global distribution of the Internet to create, augment or fact-check media on their own or in collaboration with others. For example, you might write about a city council meeting on your blog or in an online forum. Or you could fact-check a newspaper article from the mainstream media and point out factual errors or bias on your blog. Or you might snap a digital photo of a newsworthy event happening in your town and post it online. Or you might videotape a similar event and post it on a site such as YouTube.
Antes de mais, os meus parabéns por poderes agora ter a coluna em inglês antes da que está na nossa língua. Mesmo! Ser reconhecido globalmente feels damn good, suponho 🙂
Em relação ao texto que aqui deixas, fiquei particularmente colada na abrangência do que dizes ser a obrigatoriedade do jornalismo cidadão tocar em temas que sejam “relevantes para o público”. Eu acho que o derradeiro poder do jornalismo cidadão reside exactamente naquele ponto em que ele toca em assuntos que não estão a ser cobertos pelos meios convencionais. Ou seja, assuntos que são potencialmente “relevantes para o público”, mas que ainda não exista uma certeza de que efectivamente o sejam, porque ainda não têm a sua voz ouvida. Senão vejamos, porque hei-de querer eu ler o texto desse jornalista-cidadão-anónimo sobre as eleições americanas, se há já tantos meios isentos, imparciais e factuais, de acesso à informação que pretendo? Então o que quero é saber a opinião dele? Mas é isso o jornalismo, ou é o bloguismo? Ou a blogosfera está mesmo morta? Então quais são os limites?
A parcialidade é uma seita que está em todo o lado, qualquer que seja o lado para onde se inclina. E não percebo também – sou leiga, sou cidadã – até que ponto é que os textos de opinião publicados em meios convencionais, escritos por profissionais, são jornalismo convencional, ou não! Um exemplo (posso ser suspeita na escolha do tema) é o implacável texto do Pedro Rosa Mendes, “Timor-Leste Ilha Insustentável”, com uma visão totalmente avassaladora sobre Timor-Leste, capa do Público de 25/11. Um “jornalista-não-cidadão” (caramba, porque serão eles excluídos da sociedade?) tem o direito de chegar aos leitores, como facas, dessa forma? Não desminto os factos, mas sempre considerei doloroso o facto de só termos direito a ver uma face da Lua.
Quanto à impossibilidade do jornalista-cidadão encontrar, ali, uma fonte de sustento… Bem, eu adorava que no mundo não houvesse dinheiro and stuff. Idealismos à parte, a verdade é que viver do mérito que dá fazer isto ou aquilo, não alimenta barrigas, e o ego pode ser um terreno pantanoso. No entanto, faço a vénia a quem, por ter causas (ou obsessões…), toma a opção de dedicar o seu tempo a documentá-las, de uma forma metódica e com qualidade. Mesmo que só uma pessoa siga o mecenas daquele assunto. Role models, cada qual escolhe o seu!
Há que dar visibilidade a esses, os verdadeiros jornalistas cidadãos, who and wherever they are. E já agora, um subsídio de alimentação, seria, certamente, bem-vindo.
Obrigada por filtrares, cozinhares e partilhares tanta informação.
Obrigado eu Sara, por apreciares a receita e as qualidades do chef 🙂 .
Gosto muito das questões que levantas, e agradeço-te o longo comentário, assim vale a pena. Este é o melhor tipo de reconhecimento.
E felicidades, espero que tenhas sucesso na tua nova aventura.
Primeiro uma correcção: a imagem não é minha, mas de um investigador espanhol chamado Josep Micó. O seu a seu dono.
As minhas reticências em relação ao “jornalismo cidadão” nascem de uma constatação: as informações habitualmente publicadas nestes espaços revelam que não há qualquer preocupação em seguir as regras básicas da profissão. O cidadão produz informação, mas não notícias. Por isso considero abusiva a utilização do termo “jornalismo”.
De qualquer forma defendo que cidadão pode, e deve, participar no processo de produção de notícias, comentando, opinando ou contribuindo com informações.
jornalismo é informar e pressupõe um compromisso ético com a verdade e todos os explorados