This post is the portuguese version of an article i wrote for Oliver Carter, teacher at the Birmingham University. Since it awaits for confirmation to be published, the english version will have to wait.
Este post é a adaptação para português de um artigo que escrevi há uns meses para Oliver Carter, professor na Universidade de Birmingham, e que ainda aguarda confirmação para publicação. Como recentemente tenho trabalhado no Índice de Interactividade dos sites noticiosos para o OJB, achei que era apropriado recuperá-lo e conjugá-lo com os novos dados. Hoje é a primeira parte, amanhã poderão ler a segunda.
Temos assistido a uma mudança significativa nos media portugueses nos últimos anos. De jornais locais a nacionais, rádios e canais de televisão, todos (ou a grande maioria) estão a construir a sua presença online, com mais ou menos aptidões ou qualidade. No entanto, o esforço é visível.
Mas este investimento em novas plataformas de comunicação não significa que as empresas estão a seguir as últimas tendências, ou a abandonar a sua aproximação conservadora às possibilidades totais da web.
Os sites noticiosos portugueses são, na sua maioria, um depósito para o conteúdo impresso, já que muitos não têm jornalistas exclusivamente online ou pessoas com formação específica para tal, e os recursos para o online são bastante limitados, especialmente no que toca a conteúdos multimédia. Apesar de tudo, a maré parece estar a mudar, principalmente graças aos esforços dos principais jornais, que estão a tentar inovar e a dar o próximo passo com os conteúdos online. Mas a maioria dos media portugueses são pequenas empresas locais, que já se debatem há muito com dificuldades económicas, e onde os ecos da inovação não se fazem sentir.
Este cenário de evolução lenta e desigual é o fundo ideal para explicar porque é que a interactividade entre os media e os utilizadores é praticamente inexistente. Muitos ainda não entendem o conceito de jornalismo do cidadão/participativo e comunidade, mas as direcções das empresas e das redacções não são os únicos culpados, já que é preciso considerar outros factores:
– Portugal tem um baixo número de leitores de jornais, e apesar de uma ligeira subida nos últimos anos, ainda é um dos mais baixos da Europa;
– os portugueses, como povo, normalmente não são empenhados civicamente;
– os jornalistas, como classe, são bastante protectores em relação à sua profissão;
– não existe grande oferta para formar jornalistas profissionais para gestão de comunidades, moderação de conteúdos, e gestão de conteúdos externos;
Portanto, se a informação ainda é uma rua de sentido único, é porque existe não apenas um problema estrutural, mas uma atitude passiva-agressiva relativamente ao jornalismo participativo: passivo por parte dos cidadãos, agressivo por parte dos jornalistas que defendem o seu estatuto de geradores de informação com unhas e dentes, havendo muitos que nem se esforçam por entender a nova realidade.
Para provar estas mudanças e a atitude geral actual, criei um pequeno questionário, onde tentava perceber as condições e a abertura dos media online à participação dos cidadãos. Este questionário estava dividido em qutro partes: características da empresa, tipos principais de conteúdo e fontes, formas de participação dos utilizadores, e uma curta opinião sobre o jornalismo do cidadão.
Este questionário foi enviado para cerca de 50 jornais, canais de televisão e rádios com sites informativos, abrangendo desde grandes grupos nacionais a pequenas empresas locais. Os resultados foram desconcertantes.
Fim da Parte I
(Ler Parte II)
2 Respostas to “Jornalismo do cidadão nos media online – Como os sites noticiosos portugueses (não) usam o Jornalismo do Cidadão (Parte I)”