“Jeff Jarvis: No jornalismo, as boas ideias são do público”
Jeff Jarvis esteve em Lisboa, onde aproveitou para tirar umas fotos, e deu uma entrevista ao Público que foi publicada na edição de hoje. Jarvis dá a sua perspectiva sobre como estão os caminhos para o futuro do jornalismo. Aqui ficam alguns excertos:
Acho que é um erro definir o jornalismo com base em quem o pratica. Há pessoas que podem fazer um acto de jornalismo uma única vez na vida. Por exemplo, alguém que no tsunami [no Sudeste asiático] tirou uma foto do que se estava a passar, isso foi um acto de jornalismo.
O papel do jornalista muda. Temos mais gente a fazer jornalismo, isso pode ser confuso; há um papel para os jornalistas, que é editar, gerir [“curate”], talvez até ser educadores, ajudar as pessoas a fazer jornalismo melhor. A ideia de que as instituições são donas do jornalismo, isso vai acabar. Mas não quer dizer que vá acabar o jornalismo.
Os bons jornalistas que eu conheço estão a usar a Internet para perguntar aos leitores quais são as perguntas que eles devem fazer. Isso é bom jornalismo – saber usar as ferramentas com bom senso.Percebi que, se dermos escolhas às pessoas, no longo prazo – no curto prazo, nem sempre – as coisas boas vão sobreviver.
É esse o motivo pelo qual os livros clássicos sobrevivem. A Internet é uma extensão disso. Com mais escolhas, mais controlo nas mãos das pessoas, o que é melhor virá à tona. Se não acredita nisto, tem de optar por uma ditadura – de decidir que alguém mais inteligente que você é que tem de decidir por si. Mais vozes é melhor para a democracia que menos vozes.Escrever títulos é marketing. Há técnicas. Dois exemplos: quando se tem uma boa citação, deve-se ir à Wikipedia e inserir essa citação. E quando se escreve sobre alguém que tem um blogue… Será legítimo pedir a essa pessoa que faça um link para o artigo?
O NYT re-escreve os títulos para que sejam encontrados pelos motores de busca. Isso não é necessariamente mau. Mas é uma forma de marketing. Outra coisa que fazem é ver quais os temas mais procurados e escrever um artigo sobre isso. Por um lado, isso parece mau. por outro, se as pessoas têm uma questão, querem uma resposta.Bem, já sabem que eu consigo inventar umas tretas para responder a qualquer coisa… Agora, nem eu me atrevo a prever o que vai acontecer daqui a dois ou três anos. Há uns tempos convidaram-me para escrever um texto sobre como vai ser o jornalismo em 2020. E eu pus-me a pensar, onde é que estávamos há doze anos? Pense nas mudanças incriveis nessa dúzia de anos!
A entrevista integral (obrigado Público) pode ser encontrada aqui:
Jeff Jarvis: No jornalismo, as boas ideias são do público
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