Quando, ainda no liceu, eu ouvia a TSF à noite na procura da música e da poesia que vinham numa Íntima Fracção, nunca imaginei como a vida haveria de me cruzar com a personalidade e a voz de um dos poucos heróis que tive na vida.
O Francisco tem uma personalidade especial, é inteligente e nunca tive uma conversa com ele que não durasse pelo menos umas duas horas,e que não fosse interessante. Foi complicado associar a pessoa ao mito que criei durante as horas que o ouvi, num programa de rádio que acho paradigmático numa certa forma romântica e poética de fazer as coisas. Quando comecei a trabalhar com ele num defunto canal de televisão por cabo, achei extraordinária a sua acessibilidade, o seu raciocínio, a sua generosidade. Como trabalhava directamente com ele num dos programas, pude observá-lo na prática de uma das minhas modalidades favoritas no jornalismo, a entrevista. Com ele tudo parecia fácil, pois o Francisco gosta muito de conversar e trocar ideias, de conhecer as pessoas e tirar delas o melhor que elas têm. Por isso achei natural que ele fosse dar aulas para a minha antiga escola, pessoas como ele são uma mais valia em qualquer instituição.
Infelizmente, e porque a vida dá muitas voltas, e o tempo que temos é sempre para quem está mais perto, acabei por perder o contacto com o Francisco Amaral, apesar de me sempre ter dito para recorrer a ele quando fosse preciso. Mas como o mundo é mesmo pequeno, foi a filha dele, a Inês, que acabou por ter uma influência decisiva para o que ando a fazer, quando numa formação de Ciberjornalismo, onde ela era responsável, me obrigou a questionar o que queria fazer da minha vida. Acho que foi a melhor pergunta que me poderiam ter feito na altura, pois a partir daí decidi recuperar o tempo perdido, e desbravar caminho. Recentemente recorri à Inês para me apoiar num dos meus objectivos correntes, e a generosidade que conheço naquela família mostrou-se bem presente.
E quando no blog da Inês soube que a Íntima fracção tinha ganho um espaço no site do Expresso, só pensei em duas coisas: que os jornais deviam ter mesmo programas de rádio; e que se devia haver um era a Íntima Fracção.
O Francisco já não é meu herói, porque os heróis precisam de alguma inacessibilidade, mas é uma pessoa que admiro e respeito muito, independentemente de todas as pedras que surgem pelo caminho. Hoje em dia não tenho hábito de o ouvir, mas se calhar é algo que devo reconsiderar. De qualquer forma, os meus parabéns, e um enorme obrigado ao Francisco e à Inês, apenas por terem partilhado uma fracção do meu caminho.
A Íntima Fracção completa hoje vinte e quatro anos.
Nesta data, novo rumo.A partir de hoje o blogue e a distribuição ( gratuita) do programa passam para a versão online do semanário EXPRESSO.
Agradeço a todos os que me acompanharam até aqui e espero por vós (e mesmo por todos os que ainda não conhecem a Íntima Fracção …) no EXPRESSO online (link directo ao blogue da IF).
ATÉ LÁ (já …) !
Podcasting EXPRESSO – Íntima Fracção
Para quem nunca ouviu, aqui fica um programa:
http://aeiou.expresso.pt/users/0/14/IF8Abr08_717aa82c080b8dbbb33a15e4ab70dc8e.mpga
Eh Alex … fizeram-me um link para aqui e fiquei emocionado com o teu post. Estive para não escrever nada, mas acabei por decidir fazê-lo. Qual o motivo ? Porque não tenho que te retribuir, mas, publicamente, quero dizer-te que não podes passar ao lado de tudo aquilo que na área da Comunicação podes e deves fazer. Sabes bem o que vales. Para os outros (que não sabem) é melhor estarem atentos,
É o que eu digo, generoso, muito generoso…obrigado Francisco, devagarinho vamos chegando lá. Continua a falar-nos ao ouvido, é só isso que pedimos. O coração agradece.